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O esporte precisa de uma visão pragmática quanto à concessão do Ibirapuera

Atualizado: 7 de dez. de 2020

Hoje esteve em alta uma grande comoção quanto a privatização do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, onde se encontra o Ginásio do Ibirapuera, se você não acompanhou, segue o resumo dos fatos:


COMPLEXO CONSTÂNCIO VAZ GUIMARÃES


O Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, conhecido Ginásio do Ibirapuera, possui dentre seus principais equipamentos esportivos uma pista de atletismo, conjunto aquático, o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro, quadras cobertas, arena de judô e quadras de Tênis.


Os prédios são históricos, não apenas do ponto de vista esportivo, mas também do ponto de vista arquitetônico e cultural da cidade, estão localizados em uma das regiões mais valorizadas da capital.


Além da estrutura em si, existem importantes projetos esportivos como o Centro de Excelência (antigo Projeto Futuro). Iniciado em 1985, o Centro de Excelência é responsável por revelar grandes personagens olímpicos do país como a saltadora Maurren Maggi (ouro em Pequim/2008) e os judocas Tiago Camilo (prata em Sidney/2000 e bronze em Pequim/2008) e Rafael Silva, o Baby (bronze em Londres/2012 e Rio/2016).


PROJETO DE CONCESSÃO - PROJETO COMPLETO - CLIQUE AQUI


Em resumo, o projeto prevê a concessão do complexo à iniciativa privada por 35 anos que deverá construir, com recursos privados, uma mega arena de eventos com capacidade para 20 mil pessoas, um centro comercial, estacionamento e quadras esportivas externas de uso livre. Goste-se ou não, é inegável o potencial financeiro do projeto. (clique aqui e acesse a apresentação completa divulgada pelo Governo)


Como forma de mitigar os prejuízos ao segmento esportivo, o Governo promete uma reforma no Baby Barione e na Vila Olímpica Mario Covas, ambas as obras em andamento, além de abertura de um edital para a manutenção das modalidades do Centro de Excelência presentes hoje no complexo (incluindo o do Judô, que muito se especulou sobre seu fechamento). Os atuais funcionários seriam realocados nos equipamentos citados.


SEJAMOS PRAGMÁTICOS!


Contextualizado o assunto, sejamos pragmáticos: tanto os argumentos pró, quanto os contrários á concessão, tem fundamento, e são válidos, o complexo tem uma importância histórica, esportiva, arquitetônica e urbanística inquestionável, tanto quanto o projeto de concessão é bilionário e vantajoso.


É um embate ideológico, não haverá um convencimento de um lado, nem de outro. E o lado vencedor já foi decidido na eleição, quando o projeto liberal de João Dória venceu em segundo turno, depois de já sido escolhido de forma esmagadora, em primeiro turno, pelos paulistanos em 2016, e voltou a ser ratificado com a recente eleição de Bruno Covas. Inês é morta.


A MOBILIZAÇÃO ESTRATÉGICA E NECESSÁRIA DO SEGMENTO ESPORTIVO


O esporte precisa parar de lamentar e estabelecer uma estratégia fria e pragmática: se vamos perder o Ibirapuera, que tenhamos, pelo menos, uma compensação tão grande quanto a perda, é o mínimo.


O foco do debate precisa ser as contrapartidas que serão direcionadas ao esporte paulista e, hoje, o sarrafo está no lugar errado. As compensações existentes no Edital, visam apenas manter o que já ocorria no complexo, em outros locais, com uma ligeira melhora. É pouco.


Se a concessão é um empreendimento bilionário, como todos os estudos mostram, precisamos, em contrapartida, de um investimento proporcionalmente grande no Esporte do Estado de São Paulo. A Secretaria de Esportes do Estado, que hoje sofre com sérias restrições orçamentárias, precisa sair do processo como uma pasta parruda, pulsante, com poder de investimento, afinal, está perdendo o maior patrimônio esportivo do Estado.


Abaixo, coloco alguns pontos que considero razoáveis, e mínimos, como medidas compensatórias ao segmento esportivo do Estado de São Paulo.


i) Garantia de não redução do orçamento da Secretaria Estadual de Esportes, já que um dos principais argumentos pró-concessão é uma economia de R$ 15 milhões anuais no orçamento Secretaria. Economia que de nada valerá se, em um ou dois anos, por um argumento x ou y, o Governo decidir reduzir o orçamento da pasta.


ii) Destinação de parte do valor da outorga fixa, bem como de parte da outorga variável, ao orçamento da pasta de esportes, ou atrelar ao edital a manutenção de equipamentos esportivos específicos, por exemplo, do Baby Barione e da Vila Olímpica Mario Covas, como está sendo feito na concessão dos parques, em que, quem ganha a administração de um grande parque, precisa manter outros em regiões não interessantes economicamente.


iii) Garantia de não concessão de outros complexos esportivos.


iv) Criação de um fundo de apoio à realização de eventos esportivos nacionais e internacionais no novo complexo, ou, acabaremos com uma Arena multiuso para show e eventos culturais, em que dificilmente o esporte terá condições de se alocar. Destaco que já há um discurso de preços reduzidos para o segmento esportivo na nova arena, mas é insuficiente, parte dos valores bilionários gerados pelo projeto precisam estar atrelados à criação de um fundo de apoio a realização de eventos esportivos na cidade. Em que Confederações, Federações, Clubes, ONGs ou empresas possam apresentar projetos e tenhamos garantia da viabilidade da realização de grandes eventos esportivos. É uma oportunidade única de criarmos um fundo que coloque São Paulo, mais do que nunca, no calendário esportivo nacional, e internacional.


v) Direcionamento de parte da arrecadação tributária para um reforço ao orçamento da Secretaria de Esportes, afinal, os estudos mostram claramente que o novo empreendimento resultará em aumento na arrecadação do Estado, mais do que justo que também acarrete no aumento do orçamento da secretaria de esportes.



Por fim, Secretaria de Esportes, Federações, Atletas, Clubes e todos do segmento esportivo precisam se unir para exigir um mínimo de razoabilidade no processo: se haverá economia, que essa economia fique no esporte, se haverá aumento na arrecadação tributária, que parte disso seja destinado ao esporte, se haverá outorga fixa e variável, que parte disso seja direcionado ao esporte, que se crie um programa para garantir a viabilidade de grandes eventos esportivos na nova arena, e que tenhamos garantias de que não teremos outros equipamentos esportivos privatizados.


É o mínimo, em respeito à histórica do complexo, que ele chegue ao fim, ajudando a fomentar o nascimento de novas iniciativas esportivas no Estado.








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